Quando estamos perante um grupo onde existem relações interpessoais, sabemos que existirão conflitos.
Contudo, para que haja uma boa gestão de conflitos é importante perceber qual o tipo de conflito e o que é que o está a desencadear para que, deste modo, possamos reverter a situação e tornar o conflito na força impulsionadora de mudanças positivas.
O que é o conflito?
Importa começar por definir o que é afinal o conflito. Assim, numa perspectiva simplista, o conflito pode ser considerado como a necessidade de escolha entre situações incompatíveis.
Ou seja, isto significa que todas as situações de conflito são antagónicas e que estas resultam na oposição de ideias, sentimentos ou interesses que afetam a ação ou a tomada de decisão por parte de uma pessoa ou de um grupo.
Segundo Kurt Lewin, psicólogo alemão, o conflito é “a convergência de forças de sentidos opostos e igual intensidade, que surge quando existe atração por duas valências positivas, mas opostas (por exemplo: assistir a dois espetáculos diferentes, mas que se realizam no mesmo horário) ou duas valências negativas (enfrentar uma operação ou ter o estado de saúde agravado); ou até mesmo uma positiva e outra negativa, ambas na mesma direção (desejo de pedir aumento salarial e medo de ser demitido por isso)”.
Conflito Afetivo versus Conflito Cognitivo
Agora que já definimos o que é o conflito, é importante esclarecer que nem todos os conflitos são iguais, e que os podemos distinguir entre dois tipos fundamentais: conflitos afetivos e conflitos cognitivos. Os conflitos afetivos resultam de incompatibilidades nas relações interpessoais e devem ser prevenidos ou resolvidos rapidamente, para reduzir os efeitos negativos nas organizações.
Enquanto que, os conflitos cognitivos resultam da não concordância de decisões, opiniões e ideias, mas quando geridos de forma eficiente são positivos para o desenvolvimento da aprendizagem nas organizações.
Assim sendo, podemos concluir que para melhorar o ambiente e resultados de uma organização, devemos minimizar os transtornos causados pelo conflito afetivo e maximizar o potencial de aprendizagem dos conflitos cognitivos.
Quais as principais causas de conflitos nas organizações?
Quando se realiza trabalho em equipa é inevitável que o conflito surja, principalmente por causa das diferenças de opiniões ou perspectivas.
Dale Carnegie defendia que “A única forma de vencer uma discussão é evitá-la”, mas em algumas situações esta máxima não se aplica.
Selecionámos algumas das razões mais comuns que habitualmente estão na origem de conflitos no local de trabalho:
– Personalidades diferentes
Talvez a razão mais óbvia de todas, mas não a menos importante. Todas as pessoas são diferentes entre si e isso condiciona não só as suas escolhas, mas também a sua forma de trabalhar e interagir em grupo, o que pode levar a choques de personalidade.
– Falhas de comunicação
De um “mal-entendido” a um boato a distância não é grande, e esta falha na comunicação pode ser responsável por todo o tipo de conflitos nas organizações.
– Acumulação de problemas
Às vezes deixamos acumular situações com as quais não concordamos e que nos incomodam, e ao mais pequeno gatilho, podemos explodir e por vezes a pessoa que “leva por tabela” nem se quer é a responsável.
– Papéis mal definidos
Quando o papel e as obrigações de cada colaborador não estão bem definidos, podem “descartar-se” responsabilidades noutros colaboradores.
– Escassez de recursos
Os recursos são limitados. Tanto podem ser recursos tangíveis, como dinheiro disponível para um projeto, material de trabalho, salas de reunião, etc., como também podem ser recursos humanos, que podem causar sobrecarga de trabalho para cumprimento de metas ou prazos de entrega estabelecidos por parte das equipas.
– Interdependência de departamentos
Uma organização depende dos vários departamentos para alcançar os seus objetivos com sucesso, bem como os departamentos dependem entre si. Quando um departamento é impedido de realizar a sua atividade, porque outro falhou, estamos perante um potencial conflito.
– Origem externa
Muitos conflitos surgem de inputs externos à organização. Tais como pressões dos mercados que podem obrigar a alterações tecnológicas, comportamentais ou estruturais. Ou até mesmo problemas pessoais, quando os objetivos pessoais são postos à frente dos objetivos da empresa.
Resolução de Conflitos
Dominar técnicas de resolução/gestão de conflitos é algo fundamental quando se trabalha com outras pessoas e principalmente quando se ocupa um cargo de liderança. Estas técnicas são indispensáveis para construir equipas de trabalho mais fortes, motivadas e eficazes.
A premissa principal para resolver um conflito é compreendê-lo, contudo, isto implica compreender a natureza das partes, o ponto de vista dos envolvidos e os seus interesses, valores e necessidades.
De um modo geral, podemos descrever o comportamento de uma pessoa, em situação de conflito, através de duas dimensões básicas: assertividade e cooperação. Pensando nisso, Thomas Kilmann utilizou estas duas dimensões de comportamento para determinar os cinco métodos de como um gestor pode resolver um conflito de forma eficaz. Sendo eles:
- Competição;
- Fuga;
- Concessão;
- Compromisso;
- Colaboração.